sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Grupo Pró-Posição apresenta VIS-À-VIS em São Bernardo no sábado, 22


O grupo Pró-Posição apresenta no dia 22/9, em São Bernardo, o espetáculo Vis-à-Vis, às 20h no Teatro Abílio Pereira Almeida.



Com recursos do teatro e da música, a acordeonista Janice Vieira e a atriz Andréia Nhur (mãe e filha) acertam as contas entre o engajamento artístico dos anos 1960/70 e o movimento radical chic, enquanto dançam. Em sua terceira parceria na concepção e interpretação, histórias viram gestos, palavras e sons.
Em 2008, as duas “reativaram” o grupo fundado em 1973 por Janice. O uso do nome é uma forma de rememorar o que há pouco foi dito (ou dançado).  O espetáculo é híbrido e mais próximo das propostas do Pró-Posição daquela época, por suas escolhas estéticas. “A dança atual está opaca e busca fugir da tirania dos significados, da representação, das mensagens, optando por uma plástica do quase nada”, diz Janice Vieira.
 A dança daqueles tempos no Brasil — que era marcada pela ditadura militar e também pelos ecos de mudança no mundo todo – vem à cena pelo testemunho da mãe, que recorda, e pelo olhar historiográfico da filha, que investiga o passado.
Nos primeiros momentos, uma blusa de mangas muito compridas, similar a uma camisa de força usada por Janice no espetáculo Boiação (1976), como símbolo da repressão da época, volta à cena. Une as intérpretes num duo; depois serve como um prolongamento dos braços da mãe, num solo.

Roberto Gill Camargo, que é colaborador artístico e pai de Andréia, criou o desenho de luz. Não há cor, apenas um azul vindo de trás rebate o branco das cenas, usado para sugerir a ideia de que presente e passado são continuações e não instantes representados por oposições cromáticas.

“Não é um branco difuso, sem vida, mas com variações de ângulo, direção, amplitude e intensidade. A intenção foi criar uma luz integrada a um discurso cênico que contrapõe, justapõe e estabelece correspondências entre presente e passado. Não queria representar o passado com a luz, (num tom sépia e envelhecido) mas sim trazê-lo, como se estivesse acontecendo agora”, explica Roberto Gill Camargo.

Frente a frente

O espetáculo conta também com a colaboração de Isabelle Launay, pesquisadora francesa da história da dança do século XX.  Ao ver as indagações que surgiam na parceria entre Janice e Andréia, ela sugeriu o nome Vis-à-Vis – expressão francesa que significa frente a frente.

“Isabelle viveu no Brasil quando criança e seus pais eram de esquerda. Uma questão comum nos atravessa: ‘o que nos deixaram as gerações dos anos 1960 e 70’. Na última cena, em que interpreto Summertime (de George Gershwin), considerada um hino naquele período, nos EUA, esta pergunta parece vaguear em torno de nós”, diz Andréia Nhur.

A criação começou à distância, com troca de cartas – dois trechos da correspondência entre mãe e filha compõem a dramaturgia. Em 2011, em Paris, Andréia teve as primeiras conversas com Isabelle, estudiosa de coreógrafos que compõem com memórias corpos-depoimentos. No meio do processo, Janice foi para lá e começaram a pesquisar cenas, objetos e signos, como a caixinha de música de manivela com o Hino Internacional Comunista (de Eugene Pottier e Pierre Degeyter).

No palco, caminhos contrários. O que antes fazia sentido para a mãe - pensar a arte como protesto, não é mais preciso; já para a filha se reportar àquele tempo, ela tem de imaginar como seria fazer dança política.
Outro exemplo das diferenças entre as duas gerações se expressa através do resgate das memórias da infância. Andréia lembra o Michael Jackson, enquanto Janice dança o baião. “Tudo que apresentamos resulta da história de nossos corpos e está atravessada pela coletividade. As nossas vivências conversam com as de outras pessoas que dançaram as mesmas coisas”, fala Andréia.

Além de uma citação de Billie Jean (faixa de Thriller, de Jackson) sobreposta ao Baião, ruídos de alerta e canções com tom revolucionário, como as Czardas (Vittorio Monti), compõem a trilha. Responsável pela criação musical, Janice também toca ao vivo, em alguns momentos, num pequeno acordeom. No repertório, uma composição própria, Valsa Maia (1999).

Ficha técnica
Criação e interpretação Andréia Nhur e Janice Vieira
Criação musical Janice Vieira
Colaboração Isabelle Launay
Iluminação Roberto Gill Camargo
Produção Dudu Oliveira
Assessoria de imprensa Lu Cassas & Lica Nielsen
Fotos Inês Correa
Apoio Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura - Programa de Ação Cultural – 2011


Serviço:
O que: Espetáculo Vis-à-Vis
Quando: 22 de setembro, sábado
Horário: 20h
Onde: Teatro Abílio Pereira Almeida
Endereço: Praça Cônego Lázaro Equini, 240 - Baeta Neves - São Bernardo do Campo
Quanto: Gratuito
Horário de funcionamento da bilheteria: meia hora antes da apresentação.

Mais informações: 4125-0582

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